Em breve um novo blog de contos, poemas e poesias. Aguardem.

Sinto-me estranha, vazia, diferente. Mas não diferente da maneira como tenho me sentido nos últimos dias. Um vazio simultaneamente triste, conformado e inconformado. Um vazio por saber que não estou no ideal. Não estou como deveria estar. Em alguns momentos sinto certo ânimo e parece que esse vazio vai começar a ser preenchido. Que as páginas voltarão a se colorir e encher-se de vida. Mas aí a morbidez domina-me novamente. Que estranho! Eu me estranho. Esse não é o livro que sonhei e planejei para mim. Não eram páginas pálidas que eu pretendia escrever.

A todos é dado, ao nascer, um lápis, uma borracha e uma caneta para escrevermos nossa história. As páginas fazem parte do livro de nossa vida. Quando as escrevemos com o lápis, muitas vezes temos a oportunidade de apagar, corrigir e reescrever o que saiu mal. Mas quando usamos a caneta (na maioria das vezes) a escrita é irreversível. E nem adianta usar corretivo senão irá manchar e atenuar ainda mais. Esse livro também não permite rascunhos. Só pode ser escrito uma única vez e de maneira definitiva. Deus também nos dá lápis de cor, glitter e muitas lantejoulas para colorir o livro. É Seu prazer que os usemos, mas ás vezes somos tolos e optamos pelo carvão. Somente o carvão.

Muitos gostam de usar réguas e compassos para que tudo saia certinho. Mas a mão acaba errando e a linha se entorta. Outros preferem aquarela para que tudo saia suave ou tinta óleo para que o livro ganhe um pouco mais de intensidade e brilho.

A todos foram dados os elementos necessários para escrever um lindo livro. O Criador deu os mesmos materiais a todos. Ele podia fazer tudo sozinho, mas preferiu nos usar no processo e nos fazer co-autores desse maravilhoso livro. E deu-nos total liberdade para isso. Mas juntamente com esse benefício também veio responsabilidade. Cada um é responsável pela construção de seu livro e o fim que terá. Devemos perguntar-nos: "O meu livro é digno de ser lido?"; "Ele merece estar ao lado de bestsellers ou até mesmo ser um deles?"; "Ou o meu livro serve apenas para ser peso de papel ou enrolar mobília?". Espero que não.

Meu desejo é construir um livro de ouro. Que seja eterno e que passe pelo dolorido fogo da vida tornando-se ainda mais brilhante. Quero que o meu livro seja a obra prima do Criador.

No momento algumas folhas estão em branco, tristes e solitárias. Mas não continuarão assim. Preciso pegar papel e caneta, sentar na escrivaninha e olhar para frente continuando a escrever uma linda história.